O Dia Nacional da Música Popular (MPB) chegou. O gênero que caracteriza o jeito brasileiro de ser, que retrata a nossa cultura e os costumes mais peculiares de cada estado, está em evidência neste 17 de outubro.
A data comemorativa foi criada em maio de 2012, homenageando o nascimento da compositora, pianista e maestrina carioca Chiquinha Gonzaga (1847 – 1935). Ela foi o principal nome da MPB no século passado. Esse gênero pode ser caracterizado por diferentes ritmos e estilos. Podemos citar o choro de Ernesto Nazareth (1863 – 1934), até um funk de Anitta.
A sigla surgiu na década de 1960, durante a ditadura militar, quando compositores, cantores e artistas se juntaram para criar um novo conceito de música brasileira. A partir desse momento surgiu um novo ritmo, algo diferente até então da bossa nova, ou do samba. Apesar disso, o novo ritmo mantinha a originalidade brasileira e a regionalização.
O ponto alto da divulgação desse novo conceito foi os festivais de músicas na televisão, que reuniam diversos músicos. Com isso, surgiram artistas como Elis Regina, Milton Nascimento, Chico Buarque, Edu Lobo, entre outros.
A gaúcha Elis Regina acabou se tornando uma das primeiras a cantar o novo gênero no primeiro festival que ocorreu na TV Excelsior. Um dos elementos trazidos pela MPB é a crítica à situação social do Brasil e à repressão da ditadura militar, que imperava no Brasil.
Dentro do período da MPB, foram criados dois movimentos opostos, considerados vertentes desse estilo: A Jovem Guarda e a Tropicália.
A primeira adotava um ritmo voltado para o rock, trazendo grande influência de músicas internacionais, com temas mais superficiais. Até hoje há uma discussão entre especialistas para saber se esse movimento faz parte da MPB.
Já a segunda é o lado oposto da Jovem Guarda, porque a Tropicália tentava misturar elementos da música internacional para criar uma identidade nacional. A diferença desse segundo movimento com a MPB é que o segundo não carregava críticas ácidas ao retrato social brasileiro.
Depois de ter conhecido um pouco sobre a MPB, vamos relembrar os principais clássicos do gênero, trazendo o contexto das composições, os respectivos artistas e os clipes das músicas.
Confira as principais faixas:
01. Águas De Março – de Tom Jobim
A letra composta por Tom Jobim em março de 1972 e eternizada pela voz da inesquecível Elis Regina está entre as dez músicas mais tocadas no século XX. O compositor se sentia frustrado por não ter conseguido emplacar nenhum sucesso desde a Bossa Nova. Ele estava no seu sítio Rio da Pedra com depressão e sofrendo problemas com álcool quando compôs a letra. A composição o fez superar esse momento. O clássico foi gravado em 1974 ao lado de Elis. Essa canção ganhou até uma versão em inglês.
02. Construção – Chico Buarque
“Construção” foi composta por Chico Buarque em 1971, contando a história de um trabalhador em um dia comum que sofreu um acidente e acabou falecendo. A narrativa conta quatro momentos distintos da mesma história, detalhando o cotidiano do homem até a tragédia final. A ideia de Buarque era montar blocos musicais, a fim de construir a história. Nesse sentido, é que aparecem os finais das frases com sonoridade parecidas.
03. Garota de Ipanema – Tom Jobim e Vinicius de Moraes
A canção é uma composição de Tom Jobim com Vinicius de Moraes, realizada em 1962. Tudo parecia normal para a dupla até encontrarem com a beldade de 17 anos, Helô Pinheiro, que estava indo em direção ao mar na praia de Ipanema. A partir disso, Tom fez uma melodia e Vinicius complementou com um lindo poema tirado de seu talento. A identidade da garota de Ipanema foi guardada por algum tempo, mas logo o jogo acabou aberto e a vida de Helô mudou completamente, a fama vinha para coroar sua beleza. O sucesso também ganhou uma versão inglesa e parou na boca do astro Frank Sinatra.
04. Como Nossos Pais – Belchior
A música foi composta pelo músico cearense Belchior, em 1976, mas fez um sucesso estrondoso na potente voz da gaúcha de Porto Alegre, Elis Regina. A Revista Rolling Stone elegeu a canção como uma das 100 melhores brasileiras. A motivação de Belchior era o incômodo conflito entre gerações, acentuado pela ditadura militar. Na letra, ele questiona a acomodação da juventude naquela situação, que parou de questionar, quando não deveria.
05. Metamorfose Ambulante – Raul Seixas
“Metamorfose Ambulante”, composta pelo lendário Raul Seixas, em 1973, fala sobre a necessidade de se reinventar sempre e também da importância da liberdade. Além disso, ainda realça ser fundamental, não ficar engessado a uma única verdade. Para compreender todo o significado da música, se faz necessário entender o que é metamorfose ambulante. Esse conjunto de palavras quer dizer “uma pessoa que muda sem se preocupar com o lugar que se encontra, nunca estando em um local fixo”.
06. Chão de Giz – Zé Ramalho
Como não lembrar do “Chão De Giz”? Escrita por Zé Ramalho e gravada pela primeira vez em 1978, a canção descreve a perda de um amor e a sua dificuldade de superar a fase. Uma teoria bastante divulgada indica que o cantor teria tido um caso com uma mulher mais velha casada e para tentar superar esse amor passaria então a escrever o “Chão Giz”.
Outra ainda aponta para os momentos efêmeros da vida “que são apagados com facilidade assim como um risco de giz ser apagado do chão”.
07. Mulher do Fim Do Mundo – Elza Soares
Não tinha como a grande Elza Soares ficar de fora da nossa lista, não é mesmo? A canção “Mulher do Fim do Mundo” fala da própria vida da cantora, que sofreu muito com os desafios enfrentados como a pobreza, o casamento precoce, a morte dos filhos, o preconceito e uma relação abusiva com o jogador de futebol Garrincha.
Ainda expressa temas como superação, sobrevivência, garra, esperança, além de resistência. Elza morreu em 20 de janeiro de 2022, aos 91 anos, de causas naturais, em sua casa no Rio de Janeiro.
08. Alegria, Alegria – Caetano Veloso
Você é alegre? Pois foi justamente sobre a alegria de ter liberdade que Caetano quis falar com a “Alegria, Alegria”. Essa letra é uma clara homenagem a esse tema tão importante, ainda mais em um período de ditadura militar, como ocorria em 1968. Ele apresentou essa música no Festival da Música Popular Brasileira da Record. A música é uma chamada para que os jovens passassem a viver em liberdade.
09. Drão – Gilberto Gil
E esse super clássico? Pois é, “Drão” foi lançado por Gilberto Gil em 1981. Na letra, Gil retrata o divórcio da sua ex-mulher, Sandra Gadelha e dos seus três filhos, Pedro, Preta e Maria. Ali ele relata o significado do amor. O título da música é o apelido da sua ex. A expectativa de Gil é fazer com que o divórcio tenha uma perspectiva positiva. Por último, os filhos do antigo casal são lembrados como uma semente ou herança daquela relação.
10. Mistério Dos Planeta – Novos Baianos
E para fechar a nossa coletânea, apresentamos a música, “O Mistério do Planeta”, de autoria dos Novos Baianos. Ela foi lançada em 1972 e fala sobre de entrega, de encontro, de parceria e de comunhão com o outro. Somente desse modo, há possibilidade de ver sentido na nossa vida no mundo. O autor tenta se definir através das suas experiências, caracterizando um comportamento jovem e aventureiro.
Agora que você já sabe como surgiu a MPB e quais são os seus principais clássicos, é muito importante que você possa escutar essas músicas na sua Smart TV, através do Spotify e Youtube Music. Vamos lá!?